O NÃO-VIVIDO, QUE DOR!
Gilvaldo Quinzeiro
O não-vivido vive em nós para sempre, até ser vivido. Não como o não-vivido, mas o que vive em nós a espera de ser vivido.
O não-vivido é a (des) palavra que só “palavrisa” quando vivido. O “gozo” é desta ordem do inefável, isto é, como nós nunca o verbalizamos este nos faz vivermos para repeti-lo, ainda que nunca consigamos dominá-lo.
Assim sendo, o não-vivido nos transforma em gado cujo capim não consegue saciar a nossa fome, e nem a mais cristalina das águas, a nossa sede.
Em outras palavras, o que Freud explicava ainda nos causa dor, a mesma dor que dói naqueles que desesperadamente tentam (des)explicar Freud para ocultar suas dores - exatamente como Freud explicava – o que não conseguimos explicar em nós “somatiza-se e dói”, tal como doerão em Marte as mesmas dores que levarmos da Terra!
E em chegando em Marte, as dores da Terra quando explicadas por outrem, assim como Freud explicava a nossa dor, não serão tão somente as dores da Terra, mas também as nossas próprias dores.
Pena que enfrentar a dor também doa! Mas, o que dói mais, as explicações de Freud sobre as dores ou as dores pelas quais ainda não se têm explicações?