12 de outubro de 2009

O garoto que não queria ser nada...

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Quando eu era criança lá em Barbacena, ou melhor, lá em Floriano (Pi), alguns amigos da minha rua tinham uns sonhos estranhos. Uns queriam ser médicos, alguns, construtores (hoje em dia conhecidos como empreiteiros), pois na nossa turma havia gente com tio "construtor“. Outros queriam ser professores (na minha família tinha professores), mas alguns não queria ser nada. Eu era um deles. Se bem que eu cheguei a sonhar em ser jogador de futebol, em ver o meu nome ser gritado ao entrar no gramado do Maracanã: "Fabinho! Fabinho!“. Claro, vestido com a camisa do Mengão! Mas, naquele tempo, eu não sabia que jogador era uma profissão, eu via a figura do jogador como um artista.

Como a vida é cruel, fui levado para o "sul maravilha“, para Sampa ("São Paulo é o mundo todo“) e lá fui o que eu não queria ser. Fui reparador de circuitos eletrônicos e auxiliar técnico de eletrônica. Estudei no SENAI e no colégio Jesus Maria José, onde não aprendi muito bem as profissões exercidas. Deu no que deu, depois de ter lido On The Road de Jack Kerouac! Me cansei de acordar às 5h da matina, bater cartão às 7h e sair às 17h do trampo. Larguei o emprego e peguei a estrada, a Infinita Highway. Eu havia descoberto o que eu queria ser: eu queria ser escritor! Não fui, não sou e nunca serei! Frequentei a universidade de Caxias e os bares, trabalhei em loteria, fui vendedor de livros, fui falso jornalista e até poeta...

Fernando Pessoa disse certa vez que ser escritor e poeta não é profissão.
- Seu Pessoa, pois eu... eu quero ser poeta!



Fábio Kerouac, poeta e ex-lavador de pratos
Hamburg, Alemanha

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