22 de outubro de 2009

Maria, Simplesmente Maria.

,
Por: Thania Klycia

Caxias ultimamente tem vivido um retorno às atividades teatrais que nos enche o espírito de esperanças. Os grupos voltaram a florescer, o público também tem se mostrado receptivo, o que nos faz pensar alegremente numa efervescência para os dias futuros.




A existência das atividades artísticas está diretamente vinculada à atuação das atividades críticas. E quando se fala em crítica, está-se reportando à análise, à exposição de comentários acerca dos trabalhos apresentados. A importância da avaliação crítica diz respeito justamente à criação de um parâmetro, que é o que garante a qualidade e a validade dos trabalhos artísticos que são produzidos. Embora alguns artistas se incomodem com as investidas dos críticos, vale lembrar que esse tipo de julgamento é essencial para a continuidade do desempenho dos mesmos, porque além de promover os trabalhos, aponta acertos e falhas, concorrendo assim para a melhoria da qualidade e refinando o gosto do público.



Os críticos avaliam a qualidade técnica dos trabalhos, sem negligenciar a interação com a sociedade, suscitada pela apresentação dos objetos artísticos em questão. De antemão, o primeiro ponto a ser analisado, é o objetivo almejado pelo artista, pertencente a qualquer modalidade. A arte, embora não necessite apresentar alguma utilidade prática, necessita apresentar finalidades. Um trabalho a ser exibido para um determinado público antes de qualquer coisa, precisa ter uma razão de ser.


Uma peça teatral, mais especificamente, deve conduzir seus espectadores a algum fim. O texto teatral não é qualquer texto, ele deve ser bem articulado de maneira que a história seja bem conduzida e possa alcançar as pessoas que estão assistindo. Quando um ator está no palco, seja para fazer rir ou para fazer chorar, ele deve possuir um objetivo, assim como os elementos cênicos como iluminação e som também devem atuar da mesma forma.


Toda essa introdução deve-se à justificativa do trabalho de análise exercido pela Causthica Revista Cultural, que tem se empenhado na busca e no cultivo de uma qualidade artística ainda inexistente na cidade de Caxias. A intenção da avaliação crítica no tocante à arte e à cultura em geral, é uma necessidade que diz respeito à construção e desenvolvimento de artistas de qualidade na região. Um trabalho não pode deixar de ser analisado por quem está sentado na platéia, pois isso contribui para a repetição de erros e estagnação do artista.


No dia 17 de outubro foi a estreia da peça teatral “Maria, simplesmente Maria”, do Grupo Teatral (EAVA) Fênix, com direção de Érika Almeida, no auditório do Centro de Cultura. A peça teve a duração de quatro horas e narrou a história de cinco mulheres, cinco “Marias”, de nacionalidades diferentes, que tiveram os destinos cruzados no famoso Café Society do Rio de Janeiro, no final do século XIX. A trama se focalizou nas desventuras de Maria Padilha, uma espanhola que fugia de um casamento forçado com um homem rico, porém violento, contando também com o reencontro de um grande amor do passado.



A realização da peça em si, já pode ser apontada como o maior ponto positivo do evento, pois demonstrou o interesse não só dos produtores, como do público, que por sinal, esteve presente em bom número. Figurinos bem trabalhados também enfeitaram o palco com muitas cores, embora com alguns deslizes quanto à contextualização.


O trabalho técnico dos atores deixou a desejar em aspectos como entonação, dicção e linearidade. A impressão que deixou foi a de que houve uma lacuna na direção. O desenvolvimento da peça tornou-se enfadonho devido a repetições de cenas desnecessárias, cenas sem finalidade, clichês como piadas antigas e homossexualismo. A dificuldade para ouvir e compreender as falas com sotaques estranhos, além de erros gritantes como atores falando de costas para o público, também contribuíram para que as horas se alongassem ainda mais no calor do auditório – diga-se de passagem, sucateado, vergonhosamente, jogado às traças.



Um outro ponto que não pode deixar de ser mencionado é a carência do texto, que apagou personagens como a índia Maria Ana e a negra Maria Molambo. Sem contar com as já mencionadas cenas supérfluas, além da incoerência da estadia de crianças no cabaré onde suas mães trabalhavam – o auge foi a exibição de nudez infantil, desnecessária e absurda.



Retirados os exageros de energia dos atores em algumas cenas, ainda restam como problemas as dublagens, as coreografias descontextualizadas e a dificuldade de encontrar um gênero para a peça. Seria uma “tragicomédia?”. Embora houvesse cenas dramáticas, a mistura de ritmos, de sotaques e figurinos fez o público sorrir o suficiente. Fica a pergunta se todos esses elementos que não se casavam foram intencionais ou se foram realmente deslizes.


Para finalizar, a peça necessita de uma trama mais bem amarrada, precisa ser lapidada para que as pontas sobressalentes não incomodem o público. O elenco mostrou-se razoável e capaz de ser treinado para que, naturalmente, possa evoluir e continuar oferecendo aos cidadãos de Caxias o teatro como forma de entretenimento. De qualquer forma, a iniciativa foi louvável, e o desejo é que os erros sejam corrigidos para que possam nos surpreender futuramente.

2 comentários to “Maria, Simplesmente Maria.”

  • novembro 03, 2009 6:24 da tarde
    Anónimo says:

    Ctrl+C e Ctrl+V....
    :P

    delete
  • março 09, 2010 12:57 da tarde
    Anónimo says:

    De novo? Kra tu ta incomodada D+.

    delete

Enviar um comentário

Obrigado por sua contribuição!

 

Blog do Renato Meneses Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger