20 de maio de 2009

Artigo Causthico

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O artigo a seguir vem da Causthica Revista Cultural.


Ler é um Prazer (!)


Está acontecendo, hoje, no auditório da Academia Caxiense de Letras, o curso Ler é um Prazer, promovido pela Secretaria de Educação: uma promoção louvável, mas que resulta de uma realidade vergonhosa. Louvável, porque evidencia um esforço do poder público em elevar o nível intelectual e cultural dos docentes do município - vergonhosa, porque tal necessidade existe.

Em outras palavras, o fato de haver necessidade de se promover eventos de incentivo à leitura direcionados para professores mostra o quão nossa sociedade está distante da cultura letrada: aqueles que, por definição, deveriam ser íntimos dos livros ainda precisam descobrir que "ler é um prazer". Torna-se, assim, até fácil explicar o analfabetismo funcional (em geral) reinante, mesmo entre estudantes de ensino médio, que mal podem escrever uma redação e não tem fôlego para ler um poema de mais de quatro versos.

Sabemos das dificuldades enfrentadas pelos professores neste país (e em Caxias, com seu salário proverbial); sabemos da luta titânica que muitos deles travam para sobreviver e exercer sua profissão; e também sabemos que, assim como os estudantes de hoje são afetados em sua formação por uma estrutura educacional defeituosa, eles mesmos o foram em sua formação... Sabemos todas estas coisas; mas, não podemos negar o fato de que o professor deve ser, antes de tudo, um conhecedor (um erudito) - sem essa dimensão, todas as outras ficam inviabilizadas (mediador, facilitador, etc.).

Esta crítica (causthica?) não recai diretamente sobre os docentes - isto não é uma acusação - mas sobre as estruturas de formação cultural de nossa sociedade (e os seus responsáveis) e, obviamente, sobre a própria cultura: pois cultura mal formada é cultura ruim (e não há relativismo que me demova desta idéia). No horizonte do desenvolvimento cultural, a leitura nos põe no ponto em que nossos antepassados se curvaram - podemos tomar deles o bastão e seguir em frente... Mas, sem ela, estaremos eternamente começando do zero, errando o caminho, tornando vã a obra de grandes homens e mulheres, tornando vã até a nossa própria. Há ainda muito o que se discutir, há outras chaves pelas quais se pode interpretar este fato: mas, por hora, o que este escriba espera é que o louvor supere a vergonha.
Isaac Rehl

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