2 de novembro de 2008

Gooool

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Éramos felizes e sabíamos disso, vestidos de fluminense para competir no torneio de clubes de futebol de salão, ali na quadra do Cassino Caxiense. O dono do time era o seu Adriano; o técnico, o folclórico Mãozinha; na escalação vinha o goleiro Scorró – uma muralha quase intransponível; o armador, Raimundo José, jogava com a elegância e a precisão de um bailarino; eu, na defesa, com a função espartana de barrar a linha de ataque do adversário com trancas e cadeados; e, lá na frente, os baixinhos Rômulo e Chiquinho, com seus recitais de gols de trivelas, de bicicletas, de voleios e calcanhares. Eram duas combinações no tamanho e na destreza da finta, da folha seca, no domínio da cancha; são as lendas do meu tempo de menino peladeiro.

O futebol era a nossa pátria, e nem nos dávamos conta de que a bola ilustrava a marcha do time camisa verde-oliva. Quando muitos se contorciam de dores pendurados no pau-de-arara, quando famílias inteiras se desintegravam à força, quando muitos escapuliam pelas franjas do país para alcançar o exílio e outros tantos sucumbiam às balas traiçoeiras, o anúncio proclamava: Eu te amo meu Brasil, eu te amo... E nós éramos felizes e inocentes nos quintais de brincar de fazer gols.

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