Para os políticos caxienses sempre foi assim, pelo menos enquanto vivi por aí. As exceções vieram de onde menos se esperava. Cito como exemplo o ex-deputado Getúlio Silva. Não quero aqui levantar nenhum morto-vivo, mas dar a César o que é de César, já que o ex-deputado foi uma das pessoas que mais me apoiou, se não foi o único político, nos projetos culturais que realizei em Caxias na Livraria Graúna, quando esta era de propriedade do poeta Renato Meneses, na Aarão Reis.
Era o ano 1993, e ali, com o apoio do ex-deputado, que ainda postulava ao seu único mandato, me apoiou financeiramente para fazer projetos como o Cultura com Fome I e II, com grana na época do próprio bolso do pai. Com dinheiro do bolso do progenitor, Getúlio ainda abriu as portas da sua TV para a cultura na época, e nessa época ainda viajei para Paraíba para representar o Maranhão, e não só Caxias, em um congresso de cultura nordestina.
Aquele ano e os vindouros foram anos difíceis para os artistas que frequentavam a Graúna, já que eles eram tidos como inimigos do poder público vigente na época. Nós comemos o pão que o diabo amassou, mas sobrevivemos. Eu, como um camaleão, vendi minha minha mão-de-obra barata para sobreviver, já que viver de arte não deu certo. Políticos daquela época e de época mais recente não deram apoio, ou grana mesmo, para que o artista possa desenvolver seu trabalho e sobreviver dela. O governo atual, cujo postulante é Humberto Coutinho, bem que podia mudar essa sina, acho que ainda dá tempo. Ou ele vai deixar isso para os próximos governos? Afinal, a grana a que me refiro é do povo e o artista faz arte para o povo!
Fábio Kerouac, poeta e ex-lavador de pratos
Hamburg, Alemanha
