Foi-se o bom tempo em que todos confluíam à praça Gonçalves Dias e ali, distribuídos pelos bares contíguos instalados no calçadão do Excelsior Hotel, brincavam um carnaval ingênuo, cheio de graça e ao mesmo tempo irreverente de fantasias e de blocos carnavalescos que se alternavam por todo o percurso da brincadeira. Lembro-me do Scurrutec, do Porta Aberta, do Berro do Bode, do Coice da Jumenta; recordo-me do bloco da Mangueira puxado pelo cabriola do Carioca, do bloco de um só folião – o Picolé de Cachaça, do bloco dos sete, com sua uníssona marchinha: nós era sete, fumo morrendo só fiquemo um...” E assim por diante. E, também, do saudoso bloco O Caveira, com suas meninas passistas de vestes miúdas.
Hoje, na temporada do pré-carnaval o mesmo logradouro transforma-se numa praça de guerra. Grassa a violência entre jovens, incitados pelo mau gosto do forró de asfalto em mistura com um axé de quinta categoria. É um pandemônio de som eletrônico nas alturas, de barracas mal enjambradas, de fedor de mixo arrudiando os pés do poeta. E socos. E pontapés. Uma tristeza só, de fazer dó.
Quando chega essa época nos refugiamos no bar do Cantarelle. Um santuário de bons bêbados, do papo atravessado, da malandragem honesta, das atitudes excêntricas, da boêmia musical e da democracia política. Um lugar carnavalizado com as benções de São Benedito. E quando nos imprimem de nostálgicos, melhor assim do que a idiotia de nos enfiarmos na banalização de um tempo que não se respeita mais os valores humanos da cidade.
Hoje, na temporada do pré-carnaval o mesmo logradouro transforma-se numa praça de guerra. Grassa a violência entre jovens, incitados pelo mau gosto do forró de asfalto em mistura com um axé de quinta categoria. É um pandemônio de som eletrônico nas alturas, de barracas mal enjambradas, de fedor de mixo arrudiando os pés do poeta. E socos. E pontapés. Uma tristeza só, de fazer dó.
Quando chega essa época nos refugiamos no bar do Cantarelle. Um santuário de bons bêbados, do papo atravessado, da malandragem honesta, das atitudes excêntricas, da boêmia musical e da democracia política. Um lugar carnavalizado com as benções de São Benedito. E quando nos imprimem de nostálgicos, melhor assim do que a idiotia de nos enfiarmos na banalização de um tempo que não se respeita mais os valores humanos da cidade.