
Tom Zé é um personagem carnavalizado, de temático canto e de discurso polifônico. Feneceu por algum tempo num profundo silêncio por conta da insensatez dos ouvidos moucos. Quase se fez frentista em Irará pelo desespero da sobrevivência. Escovado pela arqueologia sonante, reluziu criativo de exercícios harmônicos. É o nosso melhor pensador na música, um esteta anarquista e laborioso. Nele tudo faz sentido: da concreta dicção ao lírico expletivo. Remoe suas mágoas dando porrada nas palavras. Definitivamente ressuscitado pela sua arte.
Ainda bem que David Byrne ouviu esse unico e último e verdadeiro tropicalista. Tom Zé é sempre um vulcão, uma surpresa, uma alma glaubeirana, um artista de sopetões e sofisticações...